quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

QUEREM TIRAR DEUS DA CEDULA DE 50 REAIS

No começo dos anos 80, a população total do Brasil era de cerca de 120 milhões de pessoas. Dessas, 89% pertenciam à religião católica. Apenas 1,6% das pessoas se diziam sem religião, 6,6% eram evangélicas e 3,1% se identificavam com outras crenças. Por isso, não é de se estranhar que a grande maioria da sociedade não se incomodou com a inclusão da frase em nossa moeda em 1986. Na época, nós tínhamos acabado de adotar o cruzado, e o então presidente da República, José Sarney, solicitou que o Banco Central imprimisse a expressão na nova moeda. Sarney tomou como base outros modelos econômicos, como o dos EUA, que incluía a expressão “In God we trust” (“Em Deus nós acreditamos”) nas notas de dólares. Expressão "Deus seja louvado" surgiu em 1986 nas notas de Cruzado
E o estado laico? De uns anos para cá, a tal laicidade do Brasil está cada vez mais no centro dos debates. Para os defensores laicistas, o fato de a expressão “Deus seja louvado” estar presente em nossa moeda só demonstra como o nosso país ainda é politicamente ligado à religião. De 1980 até hoje, o espectro religioso mudou. A porcentagem de católicos caiu para 64,6%, de acordo com o censo de 2010 do IBGE. Os evangélicos já representam 22,2% da população, e 5% pertencem a outros credos. O número de pessoas que se dizem sem religião também subiu para 8%. No Estado laico, nenhuma religião deveria interferir em políticas públicas e sociais. Todos os cidadãos deveriam ser tratados igualmente, independente de sua crença. Oficialmente, o Brasil é um país laico, já que a nossa Constituição prevê a liberdade e a igualdade de credos, além do respeito às diferentes manifestações religiosas. O que vemos, entretanto, é um número cada vez maior de religiosos em posições políticas, levando seus dogmas para as discussões e decisões em todas as esferas de poder. Retirada da expressão Em 2010, o Ministério Público Federal resolveu “comprar a briga” dos laicistas e solicitou que o Banco Central retirasse a expressão “Deus seja louvado” das cédulas de real como forma de contemplar todas as religiões presentes em nosso país. A iniciativa foi do procurador Jefferson Aparecido Dias, que é católico.
A proposta, porém, não vingou. Em 2012, a Justiça Federal negou o pedido do Ministério Público e decidiu que a expressão vai continuar aparecendo em nossa moeda. A juíza Diana Brunstein alegou que a presença do nome de Deus nas cédulas de real não interfere no Estado laico, já que sua simples citação na moeda não induz nenhum indivíduo a adotar qualquer tipo de religião com base no dinheiro.

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